Reflections

Faz muito tempo que não uso o blog como espaço de reflexão. Mas acho que de vez em quando é bom. Eu poderia usar alguma pessoa de exemplo, ou comparar com RL, mas resolvi que vou falar da minha experiência. Afinal são minhas vivências, minhas memórias e minhas experiências e como me sinto sobre tudo. Me sinto, particularmente e com muita sinceridade decepcionada.

Decepcionada ? Sim. Decepcionada. Em ver como as coisas seguem de uma maneira geral…

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Quando decidi entrar nessa de “blog”, de “moda no SL”, eu estava cansada e decepcionada do comportamento de muitos players de roleplay. Sempre dramatizando, escrevendo mal, narrativas péssimas, desconhecimento de RPG total, enfim uma “várzea”. Um festival de fofocas, drama, intrigas e surtos que cansavam a beleza de qualquer cidadão. Um excesso de gene frustrada que se escondia atrás de um avatar e porque comprava umas merrecas de lindens se achavam os senhores feudais… eu tentei fazer clube de leitura, biblioteca, algo que fosse além de “hots” que terminavam em flerte e exibicionismos chulos.

Então comecei timidamente a bloguear com minha amiga Lucy e eu admito que era até ruim… Basicamente ficava de olho no flickr, buscando as novidades, comprava, porque os designers naquele tempo (estou falando de 2010 tá) já buscavam os “influencers” com muitos likes, flollowers e todos esses requerimentos que vão além de uma foto bonita ou mostrando bem o produto.

Um belo dia, vi o chamado do Miss AZUL e falei “ah vou tentar”, afinal, bastava fazer uma foto com um vestido, e submeter e ver no que iria dar. Aquele dia encontrei então na loja encontrei Kay Fairey e ficamos conversando. Ela disse que meu avatar era bonito (padrão 2010) e ela gentilmente me deu meu primeiro vestido da AZUL que tenho até hoje, para entrar no concurso. Fiz as fotos e submeti. Então descobri que haviam as audições para o MVW e decidi entrar e perguntei a ela se ela poderia me ensinar a modelar. Foi uma aula, diretamente na passarela, mas o suficiente para eu perceber que não tinha condições de entrar em um concurso. Por um único motivo: uma aula, saber aonde se compra hud e poses não iriam me fazer uma modelo ou candidata com capacidade para um concurso desse porte.

As vezes na vida, por mais que a gente tenha vontade de algo, precisa reconhecer se tem as condições ou não. O fato de meu avatar na época não ser feio, não me qualificava para isso. Apenas isto não bastava.

E então justamente para buscar melhorar eu decidi que iria fazer algo, que muitos no SL tem pavor de fazer: investir. Decidi me matricular em um curso de modelagem. Sempre existiram vários cursos, os baratos, os caros, e eu guardei dinheiro para fazer na época na melhor escola, com enfoque no que eu queria me dedicar e entrar em concursos, como o MVW.

Custou caro, foi difícil. As aulas eram em inglês e meu inglês era pior do que hoje (risos). Mas eu me esforcei, eu procurei pensar fora do comum, o que era fácil para outras pessoas, eu sentia imensa dificuldade. Eu queria melhorar. Eu queria ser boa. Minhas instrutoras eram minha inspiração. A facilidade com que caminhavam, sabiam o tempo da HUD, das poses… foi uma grande vitória quando fui aprovada no exame de graduação, e pude desfilar para finalizar.

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Depois disso e me sentindo mais confiante, mas consciente de que eu ainda não sabia tudo o que precisava, entrei em um concurso, o Miss America Latina. Hoje passados quase dez anos posso dizer: era claro as candidatas preparadas das não preparadas. O preparo fez toda a diferença. Postura, a maneira de se comportar nas reuniões de grupo, até a roupa para um “meeting”. Tudo contava. Acho que fui feliz por ter duas grandes marcas me apoiando, mas decididamente montar um estilo bonito, e poses harmoniosas, somados ao fator comportamento (ou seja, sem estar envolvida em dramas baratos), foi determinante.

Após vencer, foi uma grande felicidade, me senti reconhecida. Me senti mais confiante para seguir com meus trabalhos e o blog. E com isso vem o reconhecimento das pessoas, designers, outros modelos antigos e com mais experiências e a gente vai experimentando felicidade em trabalhar.

Os anos foram passando e eu perseguia o MVW. Não tinha a menor intenção de vencer, pois ano a ano eu via o nível das candidatas. O que eu apenas queria era representar bem meu país. Durante estes anos participei de castings de agências, muitos desfiles, eventos, concursos de fotos, e outros. Eu fui enriquecendo meu currículo, fui me gabaritando. Isso necessitava de investimento (roupas boas, produtos bons, boas texturas) e tempo e uma agenda organizada, comprometimento com os horários.

Neste caminho tive meus dias mais tristes, meus dias mais felizes, até que em 2015 resolvi participar do Miss AZUL. Era meu objetivo. Foi aonde tudo começou. Eu queria muito vencer. Mas não deu. Foi um concurso diferente, exigia algo que eu não sabia: Marketing Virtual. Foi difícil. Eu estava enferrujada, atada em estilos de blog, apenas reproduzindo as roupas e acessórios de uma maneira bonita. Meu computador ja não era bom, nem as fotos estavam saindo como eu queria. E perder e sequer ter uma boa colocação, me fez repensar minha relação com a moda no SL e eu me dei umas férias. 2015 para 2016 foi um período aonde eu apenas fiz o básico e busquei outras atividades no SL e fora. Era preciso. Tinham sido 5 anos direto de trabalho. 5 anos blogando quase todos os dias, cumprindo os requerimentos necessários de cada patrocinador. Era estafante e eu tinha perdido o feeling.

Neste meio de tempo tentei dar aulas de modelagem e admito que foi uma total perda de tempo. Ninguém queria pagar, ninguém se dedicava o suficiente. Eu não via nada além de tentativas de “ser modelo” para as pessoas andarem por aí ostentando uma tag. As verdadeiras modelos do SL apenas usam tags em eventos, e não a toda hora.

Enfim o SL era apenas um lugar de pouca criatividade, muita roupa curta e egos vazios. Estava decepcionante.

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Quando me proponho a ensinar o pouco que sei eu cobro. Cobro pois entendo que apenas valoramos quando pagamos. Tudo que é de graça a maior parte das pessoas não dá o devido valor e ainda por cima fala mal, ou desdenha. Por isso não gosto de ensinar quando pedem. Sei que será falar para as paredes irei perder meu tempo. É o mesmo quando digo “ajuste o shape, está um pouco fora do padrão” e reclamam. Deveriam entender que se querem vencer existem certos padrões. Mínimos. Altura, magreza e elegância são requisitos para começar. E se você não quer se encaixar nisso, está no lugar errado. Se quer se sentir uma “Daenerys Targaryen” quebrando a roda, procure outro negócio. Esse negócio é assim.

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Mesmo assim, o que fazer? Como melhorar esse tédio pelo SL ?

Decidi começar pelo começo e o que mais me atrasava era meu computador. Foram praticamente 8 meses, comprando peças, guardando, buscando em sites, para fazer um computador que me permitisse boas fotos. Agora o requisito era a modelo fazer suas fotos, não mais fotos de fotógrafos experientes e eu iria precisar resolver essa grande deficiência. Por fim consegui. Eu tinha agora um bom computador e que iria me garantir por no mínimo uns 4 anos.

A primeira parte estava ok, agora eu precisava de alguma motivação, de algo para me empolgar, além de simplesmente fazer fotos. Então durante 2016, 2017 eu fui melhorando as fotos, buscando assistir vídeos de como melhora as fotos, como o viewer poderia ser otimizado… e observando a crescente mudança na moda do SL. Eu sentia faltas de “haute couture”, roupas elaboradas. O mesh havia chego há cerca de uns anos, e facilitado na questão das texturas, de se moldar ao corpo, mas em compesação estava surgindo uma “whore couture” muito forte. Nada contra, mas percebi que era mais fácil fazer uma roupa curta, do que algo mais rico, por uma simples questão de facilitar vendas e o designer não necessitar demorar muito. Sendo bem sincera: detesto bloggar roupas curtas, lingerie ou coisas que remetam a sexo e torturas sexuais e afins. Parece que viramos catálogos de sex shop.

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Em dezembro de 2017 vi o chamado para o Miss SL e decidi arriscar, seria uma boa prova sobre como eu estava, seria um termômetro para meus conhecimentos. O que dizer da competição? Bom eu não tinha pretensão de vencer e haviam grandes modelos competindo. Eu competia comigo mesma, pois queria fazer estilos melhores, melhores poses, melhores fotos. Eu sabia que estava no “meio do campo”, não entre as candidatas mais “top” e também não integrava o grupo das amadoras/principantes.  Fiquei satisfeita com meu resultado e tenho comigo que as fotos me ajudaram muito. Ver que o investimento em meu computador me ajudou me deixou muito satisfeita e ir bem me fez retomar o gosto pela moda no SL.

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Mas de 2018 a 2020, as coisas foram muito rápidas. Hoje sigo ativa no mundo da moda, de uma outra maneira enveredando por outras atividades, mas sem esperanças.

Vejo situações que me desmotivam diariamente. Que me fazem perguntar sobre aonde está aquele brilho… Aonde está o esforço de tudo. Tudo ficou simples. Basta uma entrada na passarela, um desafio, um concurso e já se consideram instrutoras, modelos, uma foto mal feita e se consideram “bloggers e photographers”. Não vejo a capacitação, a busca pela excelência, o refinamento, o bom gosto, o shape em harmonia. Vejo erros grotescos de interpretação de texto. Vejo dramas baratos com pessoas sem qualificação alguma. Não vejo briga de cachorro grande. Sinto que começo a ser uma voz do passado, uma voz de como as coisas eram. Nostalgia? Acredito que sim. E não sei o que esperar daqui pra frente.

Talvez… O crescimento de tags de “models” por gente que sequer consegue usar o sapato adequado com a estação do ano.

Encerro por aqui. Não sei por mais quanto tempo vou resistir a ver essas faltas.

Bom final de semana.

 

 

 

 

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